Uma comida de rua bem-feita, com ingredientes e preparos frescos, além de um espaço despojado e serviço de autoatendimento. Essa é a receita do sucesso do Jalapeño, restaurante especializado em culinária tex-mex e no conceito de fast-casual, localizado na Taquara, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Mas o que hoje é considerado um negócio lucrativo, que fatura R$ 1 milhão/ano em uma loja enxuta de 32m², começou com o investimento inicial de apenas R$ 800,00 em uma food bike para participar de feiras gastronômicas. Por trás do negócio está o carioca Lucas Brouck, que fundou o negócio há oito anos de maneira despretensiosa, através de uma lacuna que enxergou no mercado de food service.
Tudo começou em 2016 quando Brouck recepcionou a chegada de uma amiga ao Brasil, após um período fora. Na época, ela estava à procura de um restaurante mexicano descontraído, sem o atendimento formal em mesas, conceito que não encontraram na cidade. “Ela só queria uma comida de rua gostosa, fresquinha e com essa atmosfera despojada, algo facilmente encontrado fora do Brasil, mas que não existia no Rio de Janeiro. Comer algo sem ser abrasileirado, que apostasse nas raízes dessa culinária e que pudesse ser servido no balcão, em pé ou em uma mesa na calçada”, lembra Lucas. No fim da noite, a dupla terminou o encontro com um hambúrguer, mas a ausência de um negócio com essa especialidade e nesse conceito impulsionou o carioca ao sonho de empreender.
Foi assim que nasceu a Jalapeño: a partir do investimento inicial de R$ 800,00 em uma food bike, que começou funcionando apenas de maneira itinerante dentro de feiras gastronômicas pelo Rio de Janeiro. Na época, a marca funcionava no modelo de “monte o seu burrito”, mas sempre mantendo as raízes culturais e gastronômicas da culinária tex-mex, sem abrasileirar as receitas e os preparos.
“No começo, todos os preparos do negócio eram feitos na cozinha da casa da minha mãe. Mas conforme a marca foi crescendo e ganhando corpo, o espaço ficou apertado. Minha mãe praticamente me proibiu de pisar na cozinha dela, porque o ritmo de trabalho estava intenso por lá. A solução foi alugar uma casa de vila na Taquara para montar a cozinha industrial da Jalapeño, que custou todas as economias Para monetizar o novo espaço, decidi entrar também no mercado de food service, em aplicativos de delivery, mas o conceito de montar o próprio lanche não rodava bem para o serviço de entregas”, conta Lucas.
Foi aí que veio o primeiro grande desafio da marca: adequar o negócio para ser escalável, ágil e gostoso, tanto presencialmente, quanto pelo delivery. “Decidimos usar o mesmo formato das feiras dentro dos aplicativos, mas não deu certo. Com isso, começamos a ter um faturamento menor do que o esperado. Nesse período, eu ainda fazia mestrado, então aplicava toda a minha bolsa, de R$1.500, no restaurante, tentando reverter a situação. Até que um certo momento, me vi sem conseguir pagar os custos fixos do restaurante, pensei até em fechá-lo, porque não queria causar dívidas e deixar de pagar os meus familiares que trabalhavam comigo. Apesar disso, finalizar esse ciclo da minha vida não seria uma tarefa fácil, no fim, decidi seguir outro caminho", conta Lucas Brouck.
Em fevereiro de 2018, Lucas pausou o funcionamento da Jalapeño por duas semanas, para se reerguer, pensar em novos caminhos e reestruturar seu cardápio, deixando em um formato mais inteligente e simples para o público. "Com essa reformulação, quando voltamos à atividade e começamos o cenário mudou: nossas vendas subiram e até recebi a proposta de ser exclusivo no iFood. Na época, éramos o único restaurante com o conceito tex-mex na região, por isso nosso público começou a crescer”, lembra o carioca. Em paralelo a isso, o público das feiras gastronômicas mudou e, em contrapartida, as taxas de participação das marcas subiu. O espaço físico não era mais só uma possibilidade, como uma realidade necessária para a marca.
Pensando no crescimento do negócio a médio e longo prazo, os amigos Gustavo Romano e Flávio Bittencourt toparam o desafio de migrar o negócio para o físico. A 1ª loja da Jalapeño foi inaugurada em 2022, na Taquara, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Com investimento inicial de R$ 70 mil, o espaço de 32m² já foi idealizado de olho em uma futura expansão pelo formato de franquias. Não à toa, a loja foi projetada para ser enxuta e com foco no delivery e no autoatendimento, para redução de custos de futuros franqueados com obra e equipe.
Apostando no conceito de fast-casual, o meio do caminho entre um fast food e um restaurante mais formal, hoje a Jalapeño oferece serviço direto no balcão, mesas na calçada e seis lugares de balcão dentro do espaço. Além de uma atmosfera mais despojada, outro diferencial da marca é o de oferecer uma comida de rua bem-feita e com qualidade. Por lá, eles são fiéis às receitas tradicionais da culinária tex-mex, priorizando as raízes culturais dessa gastronomia e sem abrasileirar os pratos. Além disso, todos os preparos são feitos artesanalmente, sem o uso de insumos industrializados e pré-prontos.
A loja, que começou faturando R$ 56 mil/mês, hoje fatura R$ 100mil/mês e o objetivo de entrar no sistema de franchising passou a se tornar realidade neste mês de fevereiro de 2024. Isso porque a Jalapeño acaba de finalizar a sua formatação de franquia e já conta com planos de expansão pela cidade. “Temos o objetivo de abrir 5 lojas pela cidade em 2024 e 50 nos próximos 5 anos, além de conquistar novos espaços no Rio também, queremos ir para Zona Norte, como a Tijuca e para a Zona Sul, como Botafogo”, finaliza Lucas.