Temos visto um crescente reconhecimento da importância do ESG - Ambiental, Social e Governança - no mundo dos negócios. Enquanto muitas empresas concentram seus esforços na sustentabilidade ambiental e nas práticas de governança, há uma ênfase crescente na dimensão social do ESG. Nesse contexto, as empresas afroempreendedoras - que movimentam R$ 2 trilhões por ano no Brasil, segundo Dados da Pesquisa Pulso dos Pequenos Negócios 2023 - estão se destacando não apenas por suas iniciativas comerciais inovadoras, mas também por sua forte incorporação dos princípios sociais do ESG em suas operações e cultura empresarial.

Para entender melhor como as empresas afroempreendedoras estão abordando a dimensão social do ESG, olhamos para a história da Diaspora.Black. Fundada em 2017, a startup de impacto social tinha como objetivo inicial promover o afroturismo, mas logo expandiu suas operações para incluir treinamentos de diversidade e inclusão para empresas. Segundo o CEO, Carlos Humberto, "foi o racismo que motivou a fundação da Diaspora.Black. Percebemos que o mercado não estava preparado para o turismo afrocentrado, então decidimos formar essa demanda".

Dados da Pesquisa Pulso dos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae e o IBGE em julho de 2023, mostram que 76% dos empreendedores pretos usam redes sociais, aplicativos ou internet para alcançar os clientes e fechar negócios. Em maio, esse percentual era de 69%. A partir dos números do levantamento, também pode-se afirmar que os empreendedores negros utilizam mais os meios digitais para vender do que os brancos (74%).

Ao longo dos anos, a Diaspora.Black cresceu além dos termos de receita - faturando R$ 4 milhões em 2023 - mas também se destacou por sua abordagem inovadora e pelo seu compromisso com a inclusão e equidade. A empresa além de oferecer treinamentos de letramento racial e boas práticas para empresas, também promove experiências de viagem e hospedagens lideradas por negros e voltadas para a promoção da cultura afrodescendente.

"Por isso o ESG é importante como abordagem central nas empresas, ele se torna o foco do empreendedor e reduz disparidades, promovendo práticas justas, inclusivas e responsáveis. Como empreendedores afro, enfrentamos desafios significativos, incluindo menores níveis de faturamento e escolaridade, porque, mesmo que 52% dos donos de negócios no país sejam negros, o faturamento é 32% menor que empreendedores brancos”, explica Carlos Humberto, avaliando uma última pesquisa divulgada pelo Sebrae em parceria com o IBGE. 

A ascensão da Diaspora.Black e de outras empresas afroempreendedoras é um exemplo claro de como o empreendedorismo afro pode ser um catalisador para a mudança social positiva. Ao incorporar os princípios sociais do ESG em suas operações e cultura empresarial, essas empresas não apenas geram lucro, mas também promovem a igualdade, a diversidade e a inclusão em suas comunidades e setores. Como Carlos Humberto Silva destaca, "temos desafios maiores do que qualquer outro empreendedor. É uma conquista grande, permeada por muito suor e ter a premissa ESG auxilia a organização a encontrar um caminho”.

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