Por Andrea Miranda, cofundadora e CEO da STANDOUT*
É recente a implementação da tecnologia 5G standalone em algumas capitais brasileiras e isso gerou empolgação e matérias em todos os meios de comunicação. Mas também proporcionou alguns temas para debate.
O primeiro é que algumas operadoras já colocavam aquele ícone de 5G nos aparelhos mobile em determinados locais. Apareceu prá você também? Ocorre que com a melhoria de velocidade ainda na banda do 4G, algumas operadoras passaram a transmitir em 4,5G ou 5G non standalone. Trocando em miúdos é um puxadinho bem arrumado: transmissão mais veloz que 4G, mas que continua na mesma banda de transmissão e utilizando as mesmas antenas do 4G.
Tá, mas e esse 5G de agora, como é? É o tal do standalone, que funciona numa largura de banda de transmissão própria, utiliza suas próprias antenas e precisa de aparelhos smartphones habilitados para essa tecnologia.
Olhando para uma amostragem de 4 milhões de usuários dentre os que acessaram nossos conteúdos Standout* por meio de smartphones, apenas 5% possuem aparelhos preparados para o 5G. Inclusive existem modelos como os iPhones 12 e 13, que devem passar a aceitar o 5G no Brasil somente a partir de setembro.
Esse é outro tema de debate, porque apesar da base de iPhones no Brasil representar um share muito pequeno, inferior a 10%, e ainda assim concentrada em modelos mais antigos, o Ministro Fabio Farias liderou uma comitiva aos EUA, para fazer essa solicitação diretamente na Apple. Se tomarmos por base nossa amostragem*, na qual mais de 60% dos acessos são feitos via aparelhos mais antigos (lançados até no máximo 2019 – ano lançamento do iPhone 11), podemos estimar que a base brasileira de iPhones 12 e 13 não represente nem 4% do total, o que por si só não justificaria tal comitiva.
Voltando a empolgação gerada, a maior parte dela é fruto do aumento da velocidade e diminuição da latência do 5G. O aumento de velocidade é mais fácil de entender: segundo dados do OpenSignal e Ookla Speedtest nossas operadoras “já” estão entregando 50 Mbps de download, que é o quase o dobro do que era entregue no 4G, mas ainda longe do 1Gbps (1000 Mbps) prometido para nossos coraçõezinhos tão ansiosos. Já a redução de latência pode ser entendida como a diminuição do tempo que leva pra mensagem que você manda chegar no servidor de destino. Isso é algo que vai ser mais facilmente apreciado pelos gamers e espectadores de jogos esportivos (diminuindo aquele famoso delay).
As possibilidades dentro do universo da comunicação são promissoras, devendo ampliar as experiências imersivas, de propaganda a live commerce, passando por todo conteúdo digital. Aplicações de Internet das Coisas (IoT) devem se valer do 5G para crescerem e se multiplicarem, no campo e nas estradas.
Mas num país continental e de desigualdades como o Brasil, no qual segundo dados do IBGE, mais de 70% das propriedades rurais ainda não possuem nenhum tipo de conexão de internet, no qual 85% dos aparelhos, segundo amostragem da STANDOUT, ainda possuem apenas 4 Gb de memória ou menos, pra quem é o 5G?