Tempos atrás, uma repórter me perguntou: “é verdade que nós, seres humanos, damos mais atenção ao que acontece de ruim no nosso entorno do que no que é bom? Por que somos assim?”. Ela não estava enganada. Inclusive, baseava sua matéria numa pesquisa internacional realizada recentemente e cuja conclusão era a de que a maior parte de nós se deixa impactar bastante negativamente pelas más notícias – muito mais do que pelas boas notícias.
Difícil não pensar que essa questão, somada ao importante momento que vivemos no País, reforça que, nesse exato momento, a felicidade é mais urgente do que nunca.
E as pessoas, de fato, querem ser felizes, o problema é que, sem perceber, estão seguindo na contramão. Por quê? Porque a felicidade é justamente sustentada pela positividade.
Não me refiro à ideia pré-concebida de felicidade, ou seja, à crença que trazemos da infância de que é possível ser feliz o tempo todo e em todos os âmbitos da vida. Falo da felicidade real, sincera, que acontece naqueles momentos simples que proporcionamos a nós mesmos diariamente, que escolhemos vivenciar e compartilhar com aqueles a quem amamos. Essas, infelizmente, são as que somem facilmente diante dos nossos olhos e corações se não formos capazes de valorizá-las.
O que acontece – e que pouca gente está preparada para entender – é que a felicidade é algo que se constrói, não uma emoção que “cai do céu” nas nossas vidas. As pessoas em geral não gostam dessa informação porque, quando olham para a própria vida, têm a impressão de que se tornaram adultos menos felizes do que sonhavam que seriam. Estão frustradas e se sentem impotentes frente a várias situações, principalmente nos relacionamentos, sejam eles quais forem. Pior que isso: quando veem alguém feliz, essa frustração aumenta. Sentem como se elas, e apenas elas, não tivessem dado conta de ser feliz.
Isso tudo não passa de uma ilusão. A crença de que o do outro é melhor que o nosso, que a relação do outro casal é melhor ou a profissão do outro também, tem tudo a ver com a falta de Autoconhecimento. Quando não nos olhamos, não nos reconhecemos com profundidade, tendemos a nos referenciar com base no outro, no que nos é externo. E, referenciados pelo o que nos é externo, acreditamos que o que o outro tem e faz é melhor. E se mudarmos de perspectiva?
Pode não parecer, mas ser feliz é uma escolha
Apegar-se ao negativo e ao triste é um padrão inconsciente e passível de mudança. É possível e preciso romper com esse hábito comportamental. As dificuldades, as notícias ruins podem existir, mas o que chamo atenção aqui é para a importância de observarmos como estamos agindo com essas notícias. Temos duas escolhas: apenas reagir, seguindo o fluxo, ou ‘agir’, dar um passo diferente. Reação é um impulso e o fazemos sem nem mesmo parar para pensar. Agir é um gesto que se faz com consciência e escolha.
Esse caminho pode, justamente, começar por não se contaminar pelo negativo e pode ser a grande oportunidade para fazer diferente, explorar outras possibilidades dentro do que lhe é possível. Seja numa dificuldade pessoal ou mais ampla, lembre-se que a Autoconsciência mostra sempre que você tem poder de escolha. E ao optar por uma ação positiva você também tem o poder de influenciar outros que estão em seu entorno.
... E, por ser uma escolha, é você quem precisa fazê-la desde já!
Você viu?
Veja, ainda estamos em março, mas, talvez, você esteja com a sensação de que o ano está voando. Se isso é uma verdade, então, quero alertar: é exatamente isso o que acontece quando entramos no piloto automático (como contei no meu último artigo!). Nós vamos simplesmente vivendo, sem nem perceber o que fizemos ou deixamos por fazer e, pior, sem ao menos nos darmos conta das coisas que estamos postergando só porque parecem difíceis de lidar!
Decisões importantes, mágoas que ainda doem, mudanças que exigem algum tipo de esforço (ou seja, todas)… É tão fácil deixar tudo isso para depois, não é mesmo? É isso também que fazemos com nossa felicidade. Nós também deixamos para depois.
Sabe juntar dinheiro para fazer aquele curso que tanto desejamos? Fica para depois.
Trocar a pizza e o fast-food por hábitos saudáveis? “Amanhã, eu começo...”.
Trabalhar menos, passar mais tempo consigo e/ou com a família? “Quem sabe, quando eu entregar esse projeto”.
É disso que estou falando nesse artigo:
Se você quer mesmo ser feliz, a primeira coisa que precisa fazer é parar de se comparar aos outros. Ninguém é mais, nem menos que você. Sua vida é só sua, assim como o que te faz feliz pertence somente a você.
A segunda coisa é exercitar seu poder de escolha. Se algo ruim lhe aconteceu pela manhã e você passa o dia todo de mau humor por conta disso, tenha certeza: foi escolha sua, consciente ou inconsciente. Então, por que não escolher fazer as pazes com o evento? É mesmo: você perdeu a hora, acontece; o pneu estourou, puxa vida; a reunião foi desmarcada e você não viu. O que você QUER fazer sobre isso tudo – remoer ou seguir em frente?
E, por fim, felicidade é amor-próprio. É você, conectado(a), com os olhos voltados para dentro, e se propondo a momentos de prazer, de alegria e de plenitude consigo. A felicidade começa por você e para você. E eu espero que, todos os dias, você possa construir um pouquinho da sua felicidade!
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Heloísa Capelas é CEO do Centro Hoffman e, há mais de 35 anos, está à frente do Processo Hoffman no Brasil.