Fui campeão 25 vezes e o prêmio por cada conquista era uma tarefa ainda mais difícil.

Nos campos de futebol ou no empreendedorismo testemunhamos vários exemplos de grandes empresas e grandes jogadores serem consumidos pela fama e pelo status quo e, como consequência, não conseguirem ter dado continuidade naquilo que estavam fazendo melhor do que seus concorrentes.

Por que isso acontece?

Por que começam bem e logo não progridem?

Onde erram?

Uma das principais causas pode vir a ser o comodismo. O que é isso? Ao atingir o sucesso, inconscientemente você abre mão de enfrentar responsabilidades e dificuldades. Mais à frente explico.

Vamos ao campo. O jogador luta para chegar e jogar em um grande time. Se torna um dos profissionais mais bem pagos do esporte. Fica famoso. Conhecido. O sonho tornou-se realidade. Todos os dias seu nome e sua imagem estão nos meios de comunicação. O ápice. Mas nesse momento vem um sentimento de "agora é só manter", continuar fazendo as mesmas coisas que os bons resultados continuarão. Não.

Você viu?

Ele, sem perceber, abre mão da cultura de esforço que ele adquiriu para chegar até aquele momento e passa a ser assaltado constantemente pelo sentimento de "já sei tudo". E, pouco a pouco, seu rendimento começa cair. E ele vai perdendo confiança. E desiste de reagir.

O nível competitivo no futebol é altíssimo. Tem muito pretendente para poucas vagas. No Brasil são cerca de 28 mil jogadores de futebol profissional. Imagine assim: 20 times na série A. Podemos contar uns 30 jogadores por time. Chegamos a 600. Isso representa algo em torno de 2% dos 28 mil. Quase ninguém.

Tão difícil quanto administrar o fracasso é administrar o sucesso.

Vamos então para o mundo empreendedor. Você realiza o sonho de abrir sua empresa. Economizou, estudou, se preparou, fez a análise de mercado, contratou consultoria, investiu e construiu seu negócio. Uma grande conquista! E você, empolgado e cheio de energia, arranca para o sucesso. Muitas vendas, realiza ótimas negociações, atinge metas. "Agora é só manter”. E, feliz, começa a ser induzido ao relaxamento achando que essa onda não vai parar. Também, involuntariamente, você para de dar a devida atenção aos detalhes, desencana das coisas mínimas, abre mão de adquirir mais conhecimento. Perde a cultura de esforço. Seu subconsciente te engana. Te acomoda. Te ilude. Então o faturamento da sua empresa começa a diminuir. E você não consegue reagir, não consegue ter ideias, e coloca a culpa na crise, no mercado ou no que for.

E repito; o sucesso faz você pensar que fazendo exatamente as mesmas coisas, os bons resultados estarão presentes. Não. A concorrência é grande. As outras empresas estão inovando, criando, se aperfeiçoando.

Comemore, enalteça, festeje o sucesso. Mas entenda a condição de que é difícil chegar ao topo, mas é ainda mais difícil se manter nele.

Juliano Belletti
Arquivo Pessoal/Juliano Belletti

Sócio-Honorário do Instituto Êxito de Empreendedorismo, co-proprietário da rede de franquias Arena Belletti e embaixador global do FC Barcelona.



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