Hologramas, robôs e viagens interestelares à parte, a ficção sempre bebeu do que acontece no mundo real para prever o que poderemos ver no futuro. O mundo do trabalho é uma das maiores provas disso. Das salas abarrotadas e hierárquicas de "Mad Men" aos escritórios high-tech de "Star Wars", várias séries e filmes já mostraram o que é o novo ambiente corporativo, especialmente com a ascensão dos coworkings.
“O que assistimos nas telinhas e telonas vem dando sinais de como os profissionais e empresas querem ter novas experiências, para ambos crescerem cada vez mais”, diz Daniel Moral, CEO e cofundador da Eureka Coworking, uma das principais redes globais do setor.
Alguns dados comprovam a tendência citada pelo executivo. Um levantamento do grupo de pesquisa Fortune Business Insights, por exemplo, revela que o mercado global de escritórios flexíveis atingiu US$ 35 bilhões em 2023. Até 2030, esse número deve disparar e chegar a mais de US$ 96 bilhões.
Menos hierarquia, mais flexibilidade
Dentre as principais mudanças identificadas no mercado de trabalho nos últimos anos, está o abandono da rigidez corporativa. Nesse sentido, “Mad Men” fez uma grande crítica social ao retratar as rotinas das agências de publicidade de Nova York na década de 1960.
“O mundo de Don Draper [o protagonista da trama, interpretado por Jon Hamm] representa o auge do escritório tradicional, com seus ambientes de trabalho abafados pelo cigarro, hierarquia rígida e pouca flexibilidade”, afirma Moral.
Os coworkings, por sua vez, reforçam como estão mais próximos de narrativas futuristas, em que a tecnologia vem se tornando uma aliadas dos times e lideranças para alavancarem carreiras, vidas e negócios. Em "Star Wars", por exemplo, personagens como Han Solo (Harrison Ford) e a General Leia Organa (Carrie Fisher) lideram equipes e negociam acordos de qualquer ponto da galáxia, utilizando ferramentas de ponta e comunicação instantânea.
Para o CEO, a realidade do universo criado por George Lucas não está tão distante quanto pode parecer em uma primeira impressão. “O trabalho remoto e a busca por autonomia já transformam a forma que guiamos as nossas jornadas profissionais, principalmente quando olhamos o avanço tecnológico e a adoção de formatos menos convencionais e mais eficientes”, explica.
Por dias mais colaborativos
Outra franquia que também ajuda a entender o contexto dos coworkings é “Guardiões da Galáxia”. Na série de filmes da Marvel, os personagens se unem em um ambiente diverso e dinâmico, rompendo barreiras geográficas através da colaboração entre a equipe de heróis disfuncionais.
Moral compara essa atmosfera aos eventos, happy hours e oportunidades de networking dos escritórios compartilhados. “Promover conexões se torna um diferencial competitivo em um mercado que exige cada vez mais disrupção. Assim como Peter Quill [protagonista dos longas-metragens, interpretado por Chris Pratt], os modelos de espaços personalizados dos coworkings provam que alinhar as necessidades dos profissionais e empresas é o caminho principal para inovar no mundo moderno”, conclui.