Pandemia acelera transição para Nova Economia; conheça o conceito
Panorama de crise impulsionou mudanças profundas que já estavam em curso no Brasile no mundo; especialista em negócios digitais e VP de Finanças e Estratégia do iFood,Diego Barreto, aponta tendências
Por Redação Instituto Êxito |
Muito se fala sobre as transformações na relação entre empresas e consumidores, que evolui constantemente e exige que organizações de todos os portes reinventem-se para se adequar às novas necessidades e ao perfil repaginado do cliente. Mas afinal, como é essa nova realidade econômica e de consumo? Quais as bases para esse cenário, e como adaptar-se para ter sucesso?
O especialista em negócios digitais, nova economia e empreendedorismo Diego Barreto - autor do livro NOVA ECONOMIA - Entenda por que o perfil empreendedor está engolindo o empresário tradicional brasileiro - define a Nova Economia como "a tendência que reúne empresas tradicionais e startups que formam ecossistemas, permitindo uma nova fase de desenvolvimento do país". "É o modelo de negócio que promove a inovação, sustentada pela gestão ágil, com hierarquia mais flexível, times diversos e compromisso com a sustentabilidade", diz.
Na visão de Barreto, as transformações decorrentes da Nova Economia já estavam em andamento há algum tempo, mas a pandemia do novo coronavírus serviu como mola propulsora para a aceleração desse movimento. "São mudanças que iriam ocorrer de qualquer forma, mas que estão acontecendo de maneira ainda mais rápida que o imaginado, uma vez que o cenário pandêmico serviu como um ‘divisor de águas’ entre a Velha Economia e a entrada definitiva na Nova Economia", analisa.
Abaixo, o executivo e autor do novo livro resume os 6 princípios da Nova Economia, que devem nortear o modelo de negócio de corporações de todos os segmentos:
Criar demandas:
Um dos principais elementos da Nova Economia é a maior facilidade para criar demandas baseadas no desejo de tornar ações e serviços mais ágeis. "O consumidor de hoje é muito bem informado e altamente exigente, por isso, é fundamental conhecer de antemão suas expectativas e descobrir, antes da concorrência, necessidades que ainda não foram supridas", explica o autor. Dessa forma, segundo ele, a marca estará ‘largando na frente’ e ampliando suas chances de sucesso ao lançar um determinado produto ou empreendimento.
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Saber aprender com os erros:
Para o especialista, falhas acontecem e as corporações devem ser ágeis nas adaptações. Ele explica que os erros nem sempre são ruins, mas que a forma como se lida com eles é que define o sucesso ou fracasso. "Na verdade, os erros são fundamentais para servirem de lição, e devem ser vistos como oportunidades de ouro para rever processos. Errar e imediatamente corrigir faz parte do ciclo de amadurecimento do negócio. O grande problema é quando a empresa, ao detectar um erro, tenta se ‘esconder’ e fica paralisada, sem reação", pondera.
Apostar na equipe:
Não existem soluções prontas, e essas devem ser buscadas sempre de forma colaborativa. "É ilusão buscar por uma ‘receita de bolo’ na hora de elaborar uma estratégia de negócio. As soluções devem partir da equipe, em conjunto, mas para que isso aconteça o time deve estar psicologicamente seguro". Para Barreto, é necessário estimular a transparência e a troca de ideias constante, independentemente da posição hierárquica. A Nova Economia aposta no poder da inteligência coletiva, na qual a melhor solução vence, não importa de quem tenha partido".
Promover disrupção digital:
Big data, internet das coisas, inteligência artificial e outros recursos permitiram a transformação dos modelos de negócio, o que é chamado de disrupção digital. "A disrupção leva à conexão digital de fornecedores, distribuidores, clientes e governo, todos organizados em rede e envolvidos na entrega de um produto ou serviço específico. Com isso, cada parte interessada produz impacto nos outros e vice-versa, criando uma plataforma em constante evolução, na qual todos devem ser flexíveis para sobreviverem. Essa é a base da Nova Economia", explica o especialista.
Buscar o propósito:
Hoje, o consumidor busca, mais do que nunca, marcas que estejam alinhadas aos seus propósitos e crenças. Por isso, é fundamental que a empresa defina com clareza seus propósitos e saiba quem será o público que irá atingir e cativar. "Se o propósito é fazer dinheiro pelo dinheiro, a Nova Economia é a porta errada. Não é viável, nesse novo modelo, almejar o lucro às custas de um mal serviço, e sim pensar a longo prazo, cultivando a relação duradoura e de confiança com o cliente. A conta em dólares chega no final", antecipa Barreto.
O cliente é o centro:
A Nova Economia traz uma mudança total de paradigma no que diz respeito à relação empresa-cliente, com base na própria organização interna. Enquanto as empresas da Velha Economia são organizadas por unidades de produção, as da Nova Economia dividem-se por segmento de cliente, com foco nos indicadores de comportamento e no ciclo de vida do consumidor. "As antigas empresas varejistas trabalham com estoques em locais físicos , enquanto os e-commerces eliminam o custo com armazenamento, investem em uma boa logística e entregam ao cliente qualquer tipo de mercadoria, oferecendo experiências cada vez mais únicas e personalizadas. Ou seja, transformam os centros de distribuição em centros de lucro", finaliza o autor.
Para Barreto, as organizações que não se adaptarem a esses novos conceitos correm alto risco de verem seus negócios naufragarem em pouco tempo. "Cerca de 1 milhão de companhias fecham as portas todos os anos, mesmo antes da pandemia. As empresas que insistirem no velho modelo de gestão dos negócios muito dificilmente terão sobrevida", alerta.