Educação financeira: o instrumento para consolidar empresas no mercado

Democratizar a educação financeira no Brasil é transformar as dificuldades do empreendedor em grandes oportunidades de negócio

Será que se soubéssemos lidar melhor com o dinheiro estaríamos passando pela crise da Covid-19 de maneira mais branda ao invés dos altos índices de endividamento, encerramento de atividades, sentimento de frustração em relação a falta de dinheiro e a dificuldade de acesso a crédito?

Além das tantas barreiras burocráticas que o empreendedor brasileiro encontra na sua jornada para abrir e manter seu negócio, ainda há a dificuldade com a gestão financeira, área que não é vista com a devida importância pelo sistema de ensino básico no Brasil.

Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), cerca de 58% dos brasileiros não se dedicam na organização das suas finanças e não sabem controlar suas despesas. Esse cenário é um dos principais fatores que justificam o endividamento crescente do brasileiro e a falência de pequenas, médias e grandes empresas, principalmente na pandemia da Covid-19.

A educação financeira é fundamental para a gestão dos gastos do empreendedor e tomadas de decisões assertivas em relação ao seu orçamento. Por esse motivo é de suma importância que informações sobre economia e inteligência financeira se tornem acessíveis, democráticas e inclusivas para todos.

Engana-se quem acha que educação financeira é apenas organizar números em uma planilha. É também um estado de profundo conhecimento sobre si e a oportunidade de olhar para o significado que se dá ao dinheiro, reconhecer valores e crenças e ressignificá-los.

E por que é tão importante olhar para dentro de nós quando se trata de dinheiro?

Vivemos cercados de crenças limitantes relacionadas ao dinheiro. Atire a primeira pedra quem nunca se pegou dizendo que “dinheiro não compra felicidade” ou já ouviu alguém dizer que “o dinheiro muda as pessoas”. Essas credos sobre dinheiro estão tão enraizados na sociedade, que quando nos libertamos deles e começamos a falar sobre dinheiro sem qualquer barreira ou receio, as pessoas ficam aterrorizadas, como se fosse um tabu.

Você viu?

E de fato, é!

É preciso sair da bolha da ignorância financeira e olhar para dentro, reconhecer os sentimentos e emoções quando se perde e ganha dinheiro, reconhecer os valores e aquilo que é tão importante para nós que não renunciamos. São esses fatores que moldam o nosso comportamento e determinam se gastamos mais ou poupamos mais.

Admitir que somos leigos financeiramente permite nos reeducar, cuidar melhor das nossas finanças, ter paciência para pensar a longo prazo e criar reservas de emergência para quando a crise chegar.

Planilhe as entradas, saídas e categorize as despesas. Priorize as necessidades da empresa e deixe os desejos para quando você puder, financeiramente, torná-los reais.

A regra é clara: gaste menos do que você ganha.

Quando se tem o controle do dinheiro, se tem a liberdade de conquistar tudo aquilo que se quer. Caso contrário, não há liberdade, apenas servidão.

Nayara Mota é educadora financeira.
Foto: Arquivo pessoal
Nayara Mota é educadora financeira.