"O momento para investir na Bolsa é agora", defende Carol Paiffer
CEO da Atom relembra sua trajetória e analisa o mercado de investimentos no Brasil em meio à pandemia do novo coronavírus
Por Redação Instituto Êxito |

Seu plano era trabalhar com moda, mas ela acabou – e se encontrou – no mercado financeiro. A carreira de Carol Paiffer, CEO da Atom, sofreu uma pivotagem ainda no início, na faculdade. Ela queria cursar Moda, mas foi fazer Administração de Empresas com o desejo de poder gerir bem seu futuro negócio fashion. “Eu fui fazer Administração de Empresas porque eu queria que a minha futura empresa de moda não fosse à falência. No primeiro ano da faculdade, conheci a Bolsa de Valores, já fiquei encantada e acabei me dedicando”, lembra. Daí em diante, sua estrada tomou outro rumo: o trabalho com moda ficou para trás, dando lugar à paixão pelos investimentos.
Carol revela que o que a atraiu no mercado financeiro foi a possibilidade de ganhar dinheiro e prosperar “por conta própria”. “Eu vi que quanto mais eu estudasse, mais dinheiro eu podia ganhar com esse mercado. Isso foi o que mais me atraiu no mercado financeiro, porque ele é totalmente meritocrático: quanto mais você estuda, mais dinheiro você pode ganhar. Você acaba se dedicando mais, querendo estudar mais”, pontua. Hoje, a Atom, que ela fundou juntamente com o irmão, ensina pessoas a operarem no mercado financeiro e contrata quem se destaca nos cursos. “As pessoas podem operar o nosso dinheiro sem nenhum risco para elas”, explica Carol.
Trajetória
Até chegar aonde está, Carol precisou percorrer um longo caminho, com vários obstáculos a serem vencidos. Ela recorda que, durante a faculdade, ela e o irmão começaram a estagiar em um escritório de investimentos e propuseram ao dono da empresa que eles dois assumissem um braço educacional do negócio. A resposta foi “não”. Na época, Carol tinha 17 anos e seu irmão, 19. Foram desacreditados. Não satisfeitos com a porta fechada, pouco depois, mudaram-se para Sorocaba e montaram o próprio escritório, a Paiffer Investimentos.
Comunicativa, Carol era o rosto e a comunicadora da empresa. “Eu comecei a dar palestras, ensinar as pessoas como investir, e a Paiffer começou a crescer. Mais tarde, nós montamos uma gestora de recursos, para ganhar no que éramos melhores do que o mercado – a gente ganhava na diferença que a gente trazia de resultado para os nossos clientes. E a gente fez dinheiro assim”, conta. Foi aí que deram o maior passo da carreira: comprar uma empresa listada na Bolsa de Valores. Com isso, começaram a operar o próprio dinheiro, convidando dois traders para tal. Investiram R$ 1 milhão, que foi transformado em R$ 15 milhões. Transferiram tudo que já faziam para dentro da empresa que estava na Bolsa e fundaram, por fim, a Atom, que hoje atua como mesa de traders e como capacitadora de investidores.
Investimentos
A oportunidade de desenvolver uma carreira baseada no próprio mérito foi, de fato, o que mais instigou Carol Paiffer a enveredar pelo mercado de investimentos. Ela percebeu, também, que poderia fazer o mesmo com outras pessoas. “A gente conseguiu evoluir e fazer com que as pessoas pudessem ganhar cada vez mais. Então, eu sinto que eu posso mudar a vida das pessoas por meio do mercado financeiro”, define.
No entanto, o cenário de investimentos no Brasil ainda está longe do ideal. “No Brasil, investir não é algo cultural”, pondera a CEO da Atom. “Quando você é mais novo, você aprende a política do endividamento, e não do investimento. A primeira coisa que o brasileiro aprende é parcelar. Em outros países, você não tem a possibilidade de, por exemplo, comprar um celular parcelado”, cita. Para Carol, o investimento sempre foi colocado com algo desafiador no país. “Na verdade, estamos falando não só de investimento, mas de dinheiro. Ganhar dinheiro, no Brasil, sempre foi ‘pecado’, visto como algo ruim. Tínhamos essa cultura, que está mudando aos poucos, mas ainda está enraizada”, continua.
Para a empreendedora, a barreira em relação aos investimentos no Brasil vem de diversos fatores, como o “economês” e “financês” que muitos especialistas usam para falar de dinheiro, distanciando as pessoas desse mercado. Ela também avalia que existem vários “mitos” relacionado a investimentos. “‘Preciso de muito dinheiro’, “Preciso saber tudo de matemática e economia’, ‘É muito difícil’. Essas são algumas das objeções principais que as pessoas acham. E elas acham que têm que ter muito tempo para ser investidor, que elas têm que ficar olhando o mercado o tempo todo, o que não é verdade. Agora, com as plataformas, você consegue fazer. E com a Atom, por exemplo, as pessoas nem precisam ter dinheiro, elas podem usar o nosso dinheiro sem nenhum risco para elas”, rebate.
Nesses 15 anos de atuação no mercado financeiro, Carol define a maior lição que aprendeu: comprar barato e vender caro. “Toda vez que envolve dinheiro, é preciso tomar decisões inteligentes com seu dinheiro, e isso envolve comprar barato e vender caro”, pontua. E acrescenta outra lição: “O mercado financeiro não aceita arrogantes. A vida não aceita arrogantes. Quando você acha que sabe tudo, o mercado te mostra que você não sabe nada. Então, você tem que ser muito humilde para ganhar dinheiro, e essa é uma das lições que eu levo para a minha vida”, finaliza.
Mulheres na Bolsa
Dados da Bolsa de Valores de São Paulo mostram que, em janeiro de 2020, as mulheres representavam 24% das contas abertas. No entanto, a presença delas vem aumentando. Em 2019, foram 388 mil investidoras, mais que o dobro das 179 mil que operaram na Bolsa em 2018. Uma participação modesta, mas em ascensão. “A mulher ainda tem medo do mercado financeiro, acha que precisa saber muito de matemática, e já foi comprovado inclusive que mulheres traders acabam tendo mais resultado que os homens porque elas são mais cautelosas. Se você falar ‘Compra no A e vende no B’, ela vai fazer exatamente isso, diferente do que acontece muitas vezes com o homem, que já tem uma arrogância, e acaba fazendo operações da cabeça dele, mudando o foco principal”, reflete Carol Paiffer. “Vale lembrar que o primeiro contato com o dinheiro vem das mães, porque o filho tem mais contato com a mãe, que gerencia a casa, o dinheiro”, cita.
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Investimentos e pandemia
A pandemia do novo coronavírus teve impacto direto na economia global. As restrições de circulação e fechamento do comércio se refletiram também na Bolsa, em que muitas ações despencaram. Há, no entanto, nichos em que ainda se pode lucrar. “Quem investe a longo prazo sentiu com a queda da Bolsa. Mas, um ponto bem importante: o mercado financeiro não para. Então, para nós que operamos day trade, que tem muita volatilidade, comprar e vender no mesmo dia, o mais rápido possível, o mercado está muito bom, muito interessante”, avalia a investidora.
Segundo Carol, para quem quer investir a longo prazo, o momento é como uma “Black Friday do mercado financeiro”. “Quem quer garantir a aposentadoria ou a faculdade dos filhos, por exemplo, o melhor momento para investir na Bolsa é agora, na baixa. Temos que aproveitar esse momento para aprender, surfar na onda dos preços baixos e poder ganhar no rendimento a longo prazo”, ensina. No entanto, ela ressalta que é necessário cautela. “Não é para vender a casa, papagaio e periquito, e colocar tudo na Bolsa. Tem que fazer um investimento sempre muito bem pensado. Eu posso perder esse dinheiro? Ele pode sumir amanhã? Se você está disposto a tomar risco com esse dinheiro, aí sim vale muito a pena entrar no mercado financeiro agora. Mas eu recomendo que todo mundo, primeiro, aprenda, estude. Existem muitos cursos gratuitos. Primeiro aprender, para depois começar a investir, e não ficar dependente do gerente do banco, do analista, do gestor”, aconselha.
Êxito Ladies
Carol Paiffer é sócia-fundadora do Instituto Êxito de Empreendedorismo, instituição sem fins lucrativos fundada para incentivar a educação empreendedora no Brasil. Dentro do Instituto, ela criou o Êxito Ladies, voltado para ações com mulheres empreendedoras. O Ladies está lançando a Jornada da Mulher Empreendedora, uma trilha de conhecimento que vai ensinar sobre empreendedorismo para que as mulheres possam levar esse saber para dentro de casa. “A gente sabe o papel essencial que a mulher tem na sociedade. Por meio da mulher, a gente consegue fazer com que os filhos entendam sobre empreendedorismo e sobre dinheiro; além do papel que a mulher tem com o próprio marido: o sucesso ou fracasso que o homem tem, muitas vezes, está diretamente relacionado ao papel da mulher. Então, fazendo com que essas mulheres aprendam, vamos acelerar mais os projetos do Instituto Êxito”, explica a presidente do Êxito Ladies.
A gente sabe o papel essencial que a mulher tem na sociedade. Por meio da mulher, a gente consegue fazer com que os filhos entendam sobre empreendedorismo e sobre dinheiro”
O braço feminino do Instituto também tem o projeto Empreenda na Escola, que vai ajudar professores e colaboradores de escolas a entenderem sobre empreendedorismo, para poderem lidar com os conteúdos oferecidos nos mais de 300 cursos que o Êxito pretende oferecer aos centros de ensino. A terceira linha de ação é de acelerar projetos que envolvam mulheres e que tenham um papel importante na sociedade. “O Êxito Ladies vem desse sonho que eu e outras mulheres empreendedoras temos de aumentar sempre a participação feminina em todos os espaços da sociedade, seja nos investimentos, nas startups, ou qualquer setor de atividade”, acrescenta Carol.